O STF como vetor da deliberação pública: diálogos institucionais, Amicus Curiae e audiências públicas judiciais na democracia brasileira
Abstract
Esta dissertação de Mestrado Acadêmico intentou investigar, por meio do método
hipotético dedutivo e das técnicas de revisão bibliográfica, se seria possível
considerar o Amicus Curiae e as Audiências Públicas Judiciais como instrumentos
de democracia deliberativa, a partir das capacidades institucionais da jurisdição
constitucional contemporânea. Com isso, pretendeu-se desenvolver uma
investigação científica, a partir do método escolhido, a fim de problematizar se o
Amicus Curiae e as Audiências Públicas Judiciais podem ser analisados a partir da
relação entre o conceito clássico da democracia deliberativa aplicado à jurisdição
constitucional enquanto esfera pública jurídica. Nesse viés, pretendeu-se como
objetivo geral apresentar o Amicus Curiae e as Audiências Públicas Judiciais como
formatos de atuação democrática no contexto do arranjo institucional deliberativo do
Supremo Tribunal Federal. Em efeito, ainda guiaram a construção do caminho desta
pesquisa os seguintes objetivos específicos: i) discutir a democracia deliberativa no
Brasil sob o viés do papel do STF no contexto hodierno; ii) debater sobre a utilização
dos institutos dos Amici Curiae e das Audiências Públicas no contexto do Supremo
Tribunal Federal; iii) relacionar democracia deliberativa com diálogos institucionais.
Por isso, no primeiro capítulo foram apresentadas dimensões da democracia
deliberativa e das Cortes Constitucionais como instituições deliberativas. No
segundo capítulo, o trabalho focalizou na questão dos diálogos institucionais como
meios de deliberação a partir da teoria clássica dos Diálogos Institucionais no
Canadá, utilizando como referencial teórico, nessa parte da pesquisa, as
publicações científicas de Peter Hogg e Allison Bushell. Já no terceiro capítulo, se
apresentou o Amicus Curiae e as Audiências Públicas Judiciais como institutos
voltados à aplicação de um ideal de esfera pública jurídica no contexto da jurisdição
contemporânea. Assim, se dissertou sobre a forma de utilização de tais institutos
jurídicos como métodos de diálogos na jurisdição constitucional brasileira,
notadamente no STF. Em síntese, evidenciou-se como o Amicus Curiae e as
Audiências Públicas Judiciais podem ser instrumentos de diálogos em um contexto
de esfera pública jurídica, posto que, em alguma medida, têm cooperado na
construção da razão de decidir constitucional. Como resultado da investigação,
demonstrou-se a confirmação da hipótese, no sentido de que é possível considerar o
Amicus Curiae e as Audiências Públicas Judiciais como institutos de democracia
deliberativa a partir do diálogo entre a jurisdição constitucional e a sociedade.