Possibilidades, limites e impactos de adoção da inteligência artificial na fundamentação das decisões administrativas e judiciais no Brasil
Abstract
Na contemporaneidade, vive-se a generalização crescente das novas tecnologias em
diversos âmbitos da vida. Em especial, tecnologias advindas da Inteligência Artificial
(IA) têm conquistado espaço, não apenas em aspectos do cotidiano, mas também na
tomada de decisões por empresas, na definição de políticas públicas, no traçamento
de perfis, entre outras possibilidades. Embora inicialmente instigante o
desenvolvimento tecnológico com o fim de facilitar as atividades humanas, há que se
ater ao possível caráter dúplice da adoção da IA, notadamente quando a decisão
algorítmica passa a se tornar cogitável no âmbito da tomada de decisões
administrativas e judiciais. Hoje, percebe-se a adoção da IA no âmbito dos órgãos de
controle da Administração, como os tribunais de contas. Até mesmo o Poder Judiciário
incorporou a IA na tomada de decisões, como no caso do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF) no juízo de admissibilidade recursal das
cortes. Nesse sentido, diante da relevância do controle da Administração,
especialmente externo e jurisdicional, a presente dissertação tem por objetivo
pesquisar os limites, as possibilidades e os impactos de adoção da IA na
fundamentação das decisões administrativas e judiciais. Para isso, utilizou-se a
pesquisa bibliográfica, com análise de referenciais teóricos abrangendo livros e artigos
científicos pertinentes ao objeto de estudo, assim como a investigação do texto
normativo constitucional, da legislação de regência e demais textos jurídico normativos. Ao final da pesquisa, compreendeu-se que embora os sistemas de IA
possam fundamentar suas decisões, por suas características e limitações funcionais
eles não atendem aos parâmetros de fundamentação das decisões administrativas e
judiciais no Brasil, notadamente daquelas em há certa parcela de discricionariedade,
eis que se exige sensibilidade humana para a definição de aspectos relacionados às
consequências práticas da decisão, à escolha da melhor solução-decisão possível e
ao exercício de empatia com o gestor público.